Uma das muitas particularidades que tornam o Ananás dos Açores tão especial, é o seu método de cultivo tradicional e sustentável, livre de qualquer tipo de químicos, pesticidas e inseticidas.
As técnicas centenárias utilizadas para a produção deste fruto permitem dar origem a um Ananás de qualidade ímpar e sabor único, apreciado em todo o mundo. No entanto, fazem com que todo o processo seja muito mais trabalhoso, demorado e desafiante.
Dessas técnicas, a mais ortodoxa será a aplicação dos Fumos, que desempenha um papel muito importante nesta jornada pois permite induzir, de forma natural e orgânica, a fase da floração da planta, garantindo assim uma colheita homogénea e planeada, que de outra forma seria difícil de prever ou controlar.
Esta prática de cultivo tradicional, aplicada entre cinco a sete meses após a plantação definitiva do fruto, consiste em colocar, ao longo da estufa, latas metálicas com diversos materiais vegetais, entre eles, aparas de madeira, folhas de bananeira, palha de feijão, ervas secas e ramada de criptoméria japónica De seguida, procede-se à queima destes materiais produzindo elevadas quantidades de fumo dentro da estufa com portas e alboios fechados.
Os Fumos foram descobertos por acidente, no ano de 1874, quando um cultivador que tinha uma estufa de ananases se apercebeu que os encanamentos da fornalha externa que tinha por baixo da terra para aquecimento tinham sido perfurados. Assim, o fumo da fornalha havia entrado para dentro da estufa e, o que se pensou que seria uma catástrofe que iria destruir toda a sua colheira foi, na verdade, uma agradável surpresa, pois no mês seguinte toda a estufa havia florescido antes do esperado! A aplicação dos Fumos é utilizada na produção do Ananás dos Açores desde então.
Como o fumo contém etileno, hormona responsável pela floração, torna possível a indução da floração de todas as plantas da estufa em simultâneo. As primeiras florescências verificam-se, consoante a época do ano, de 35 a 90 dias após a aplicação dos últimos fumos.